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Emprego público vale a pena mesmo?

Olá! Meu nome é Diogo Moreira, sou Auditor Fiscal da Receita Federal e estou aqui para te ajudar a sair dessa “vida bandida” que é estudar para concurso.

 

Depois que você passa, a vida não deixa de ser tão bandida assim.

 

Pelo menos algumas pessoas costumam reclamar e temos um estereótipo do servidor público como aquele indivíduo sobrepeso, desanimado com a vida, carimbando e tratando as pessoas mal (dependendo de onde trabalha).

Esse estereótipo é meio pesado e faz a gente se perguntar: o que acontece no serviço público com as pessoas? Será que existe satisfação profissional?

Será que você que está estudando para concurso não seria mais feliz na iniciativa privada ou empreendendo? Qual a realidade por trás disso?

Você pergunta para as pessoas que estudam para concurso o porquê de estarem estudando, e elas respondem: “quero conhecer o mundo, viajar para Europa, comprar aquela BMW nova, quero um apartamento para minha mãe”.

Ninguém fala: “Quero entrar no serviço público e quero mudar o Brasil, quero transformar a Receita Federal em algo novo, quero fazer o Ministério da Saúde “bombar””.

Não funciona assim e ninguém fala isso. O que acontece na prática são pessoas que não estão planejando trabalhar no serviço público, mas apenas ganhar um salário. E isso, infelizmente, é muito comum. Na verdade, é a regra.

Convenhamos que a maioria das pessoas não pensam assim: “Nossa, vou procurar emprego nessa área porque sou apaixonado e vou para tal emprego e se não for ele, não vou trabalhar.”

 

Não vemos isso na iniciativa privada.

 

Assim como na iniciativa privada, no serviço público também há chefias, crescimento na carreira em termos de gratificações, cargos comissionados. Há pessoas que querem isso, se especializam nesse caráter mais de carreira, como pegar uma chefia de equipe, uma chefia de setor e quem sabe uma coordenação. Isso move as pessoas.

Na verdade, há cargos bastante desafiadores, principalmente na Receita Federal, cargos de grande desafio intelectual e profissional que permitem muito crescimento e responsabilidades cada vez maiores.

Então, se você tem ambição, então consegue dentro do serviço público galgar esses degraus e subir na carreira nesse sentido. “Ah, Diogo! No serviço público acontece só com indicação etc.”

Na iniciativa privada é a mesma coisa, o jogo político existe nas duas formas. Você vira chefe porque você é amigo do chefão e você pode não pegar uma chefia porque você tem uma antipatia pela pessoa que define.

Isso acontece tanto no serviço público quanto na iniciativa privada. Uma diferença é que no serviço público há menos pessoas querendo trabalhar muito, há menos pessoas querendo chefia. Acontece muitas vezes de você ser escolhido ser chefe mesmo sem querer.

“Diogo, fulano está saindo e, a partir de agora, você será o chefe.” Isso aconteceu comigo! Ninguém queria a chefia e eu também não, e fiquei como chefe por quase 3 anos. Falta gente querendo chefia no serviço público.

Se você tem essa ambição de crescer, de fazer mais e coordenar pessoas, então você vai encontrar espaço na maioria dos órgãos, pelo menos na Receita Federal isso é razoavelmente comum.

 

Você é feliz no serviço público? Você é feliz na iniciativa privada?

 

As coisas se travestem de formas diferentes, mas as queixas na raiz são muito semelhantes. O jogo político, o puxão de tapete, o chefe que é insuportável, isso tudo existe.

Claro que no serviço público você não pode ser demitido sem ter feito uma “M” muito grande, no entanto, na iniciativa privada isso pode acontecer. Convenhamos que você ser removido para um outro lugar ou ser rebaixado acontece. Então não é tão diferente assim.

O segredo da felicidade não é gostar daquilo que você é obrigado a fazer?

É uma possibilidade. Se você está no serviço público e você tem que fazer aquilo, por que não buscar fazer da melhor forma? Por que não se especializar, fazer uma pesquisa, se engajar, fazer uma viagem, entrar em um grupo de trabalho ou algo semelhante?

Você pode fazer isso e a maioria não faz. Ou você pode simplesmente não gostar do seu trabalho. “Trabalho em um órgão e aquilo é muito chato. Se eu não tivesse a estabilidade, eu sairia. Se estivesse na iniciativa privada, procuraria outro emprego.”

Isso me lembra de algo que fiz ontem. A academia ontem estava fechada (não tenho malhado com frequência porque tenho dormido mal por causa dos meus dois filhos pequenos) e eu sabia que a academia estava fechada, mas nunca pensei tanto em malhar na minha vida quanto ontem, justamente quando estava fechada.

Isso também é verdade para a maioria das pessoas que estão no serviço público que diz: “Poxa, não gosto daqui. Se estivesse na iniciativa privada procurava algo diferente, mas a estabilidade, a aposentadoria integral (que não existe há muito tempo).

Na verdade, se você estivesse na iniciativa privada estaria levando a vida do mesmo jeito, frustrado. Porque é você que faz isso com sua própria vida.

Dificilmente vemos uma pessoa presa numa situação que é impossível ela sair (muitas vezes ela mesma se jogou naquela situação) por não ter tido proatividade, não ter buscado se especializar ou crescer dentro do órgão. Bajulação, puxada de tapete, passado para trás e politicagem, isso tudo existe nos dois (iniciativa privada e serviço público).

Da mesma forma, meritocracia, reconhecimento por um trabalho bem feito (dissemos que no serviço público tem reconhecimento, quando você faz um trabalho bem feito você alcança um aumento, mas um aumento de serviço, é uma forma de reconhecimento).

Existem pessoas que recebem isso de uma forma vaidosa, ficam felizes e recebem mais e mais serviço. Isso existe nos dois lados, na prática não há tanta diferença.

 

O que faz a diferença esteja na iniciativa privada ou no serviço público?

 

É a forma como você se porta e como encara os problemas e desafios. Não adianta você ficar extremamente desinteressado no tema, não pesquisar nada, não trabalhar mais, não tentar fazer alguma coisa nova e dizer: “não gosto desse trabalho”.

Você nunca nem tentou fazer ele, então você vai gostar de quê? Você acha que um trabalho maravilhoso vai cair do céu no seu colo?

“Se eu estivesse na iniciativa privada eu ia ser apaixonado pelo que faço.” Não!

Aquilo que você faz todo dia para ganhar dinheiro é trabalho, se fosse gostoso e bom seria futebol ou vídeo game.

O que você tem que fazer é buscar as rédeas da sua vida.

Você que estuda para concurso e está pensando no salário, ok, isso é válido e vem antes da satisfação e da realização profissional. Mas, entrando, faça o seu melhor, busque se especializar, cresça, descubra, entre em grupos e tente fazer algo.

Depois não venha com aquela sensação: “Sei lá, é assim mesmo, não tem muito o que fazer no serviço público.”

São coisas que você diz para si mesmo e passa a acreditar e que, no final das contas, podem te levar àquela situação do servidor público cansado carimbando sem o menor gosto pelo que faz.

 

 

 

SAIBA MAIS:

91% de acerto no TRF3! – Entrevista com Thales Wottrich

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Muito obrigado e até a próxima!

 

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Deixe seu comentário 4 comentários

  • Gabriel Voitch disse:

    Creio que possam existir concursos mais empolgantes e interessantes mas no meu caso que estava em um concurso de prefeitura nível médio e cai no SUS só restava ganhar pouco e fazer a mesma coisa o resto da vida ou exoneração
    Optei pela segunda opção….quero mais da vida…

  • Maria costa disse:

    Acredito também que seja diferente em cada lugar, seja de nível nacional ou regional, pois com dois anos na área pública voltei a procurar por trabalho em empresas privadas pois vi que independente do que eu fizesse lá , sem uma boa indicação jamais mudaria de função isso me frustou pois entrei com n expectativas, engravidei e engavetei por mais um ano após o parto minha saída,fui cuidar da minha filha e deixei de lado por um tempo, quando ela completou um ano voltei a procurar por trabalho que foi bem quando explodiu a pandemia, conseguiu pouquíssimas entrevistas e nada até meados de setembro, parei de procurar e agora novamente tento voltar a área privada e vejo um grande preconceito(muitas vezes retiro o tempo na área pública do CV, pois notei que nem estava sendo chamada para entrevistas em vagas que estavam totalmente de acordo com meu perfil e experiência , as perguntas na entrevistas são: ahh mas vc tem um emprego público garantido, ahh mas você largaria seu emprego público, ahh você tem muitos benefícios e vantagens tem consciência de que aqui e diferente? Poxa e onde fica a minha intenção de voltar a ser uma profissional com intuito de agregar e crescer junto ao lugAr que trabalho, de voltar a ser quem eu era como pessoa de ter opções de crescimento e não passar o resto da minha vida engessada dentro de um lugar que não tem nada a agregar profissionalmente?Eu particularmente digo, quando entrei na área pública o primeiro ano foi como um parque de diversões, mas o tempo foi passando e vi o quanto estava me fazendo mal, estou a quatro anos e 5 meses, digo que tem dois anos que estou tentando retornar a área privada mas não e fácil essa logística, baseado no pensamento da grande parte da população que servidor público e preguiçoso e acomodado, então deixa ele lá!

  • O menino do computador disse:

    Gostei do seu artigo, professor Diogo. Sou servidor público e atua na área de TI. Cheguei neste emprego público vindo de uma empresa privada escravista kkk Cheguei feliz e, sim ,foram momentos de felicidades no período inicial. No entanto, com o passar dos anos, a ficha começa a cair. Percebe-se a quantidade de gente que está lá devido a estabilidade. Acomodados. Eu mesmo entrei no ritmo da manada do lugar. Se vc não entra no ritmo, vc vira um bicho estranho. As pessoas olham com desconfiança. E, de verdade, não há suporte para quando se faz coisas proativas lá dentro. Vc apenas pega “filhos para criar”. Falta muita infraestrutura para quem é de TI, dependendo do órgão que for trabalhar. Falta de infraestrutura para o pessoal de TI = serviço dobrado e sem tempo para planejar melhorias. Você viverá atendendo chamados porque as coisas não funcionam. Simplesmente apagando fogo todo dia.
    Acontece muitas coisas tb, do tipo ser nomeado para obrigações das quais se vc não cumprir, responde por improbidade e ainda põe seus poucos e míseros bens na reta. Bom, nesse momento, vc se preocupa em fazer as coisas da melhor forma para bem do órgão público e para o bem dos seus bens. E neste momento, vc percebe que está sozinho. O egocentrismo é pungente em órgão públicos. As pessoas geralmente mandam um grande F para vc. Que lute sozinho. E chefia? São os que menos dão o exemplo, são os que menos lideram. O objetivo da chefia é tirar o deles da reta e por o seu. Um conselho de quem trabalha há uma década no setor público: seja extremamente defensivo em tudo que fizer. Tenha sempre provas. Não acredite em pessoas “boazinhas”. Não veja a estabilidade como um presente, mas sim como uma acomodação geral e só. Se vc estiver pensando ir para o setor público, vá. Mas mantenha seus sentidos aranha sempre ativos.

  • Outro menino da TI disse:

    Também sou servidor da TI, há + de 10 anos. Minha maior frustração é que os usuários não respeitam nosso escopo de atendimento nem nossos procedimentos, o que prevalece é um senso comum de tem que ser feito… o que mais sinto falta da iniciativa privada é ocupar uma função específica na TI. No serviço publico o profissional de TI é um faz tudo, e tratado como o menino do computador. Ao longo dos anos, ou os servidores adoecem, ou viram opressores. Tenso.

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